Para Matheus
Me vejo no espelho
não sei o que vejo
meu rosto redondo,
afinou...
e sobre minha boca
não sei que coisa é
se penugem, bigode?
miragem...
Minhas pernas roliças
agora tão compridas
tenho quase a altura,
o tamanho do meu pai,
que é rapaz pequeno...
Olho embaixo do braço
e até dentro da cueca
nos lugares engraçados
não têm pêlos ainda
Não me sinto mais bebê
mas tampouco sou grande
minha mãe me chama:
- meu menino!
mas também me cobra
rapazinho...
Não me apertem as bochechas
mas não tirem o meu colinho
Minha tia, de gozação
diz: - é só o começo...
Vou riscar o calendário
rasgar páginas de agenda
Oh Seu Tempo, dê um tempo!
Deixe-me aproveitar mais
esses meus onze anos.
6 comentários:
Ô mãe gesta, amamenta e não vê o tempo passar e não se cansa de paparicar! És mãe, mulher e, junto, criança que não quer crescer. Déia, beijão.
Adorei! É lindo!! Obrigado pelo poema. Em que foi que você se inspirou desta vez? Em mim?(rsrsrsrsrs)
É que vc é deveras inspirativo!!
Andreia, que ótimo ter um filho inspirador e uma mãe inspirada na mesma casa!!! Muito massa!
Valeu pelo incentivo Kathe, vindo de você, que tem o dom da palavra, tem ainda um sabor mais especial.
Lembrei de ums poesia de Drummond, um poema-irmão-gêmeo deste "Meus 11 anos":
Para Sempre (Drummond)
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
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