quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Exercício de jornalismo literário em capítulos

III - O caminho

Enquanto na fazenda de Gabriel Soares de Souza se organizavam os apetrechos necessários à grande expedição, o senhor de engenho veio até Salvador resolver os detalhes da viagem. Mal sabia ele que na capital da colônia, miudezas como preparar um testamento tomariam menos tempo que às burocracias da coroa.

Dar as ordens para o funcionamento de seu outro engenho, localizado no caminho íngreme que levava à antiga Vila do Pereira, seria mais simples do que conseguir autorização do rei e partir atrás das minas de pedras preciosas.

A espera pelas petições, requisições, alvarás, concessões e cartas de recomendação foi longa. Nunca se gastou tanta cera de abelha em selos com o timbre real. Finalmente, “que o Deos da misericórdia tome conta dos meus pecados”, Gabriel Soares de Souza estava pronto para partir em busca de riquezas e glória.

Não encontrou nem uma coisa nem outra. Distante cerca de 100 léguas de Salvador, perto do lugar onde João Coelho de Souza havia morrido alguns anos antes, ele e a sua brava determinação de encontrar o caminho para Eldorado cairam vencidos por um mísero mosquito e pereceram diante da implacável febre amarela.

Andreia Santana, trecho da reportagem Cronista da Colônia, publicada em 27 de junho de 2004, no jornal Correio da Bahia

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