quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Exercício de jornalismo literário em capítulos

IV - Mensageiro do rei

“Estará bem empregado todo o cuidado que Sua Magestade mandar ter d’este novo reino; pois está para edificar nele um grande império, o qual com pouca despesa destes reinos se fará tão soberano que seja um dos Estados do mundo...”
(Trecho de Notícias do Brasil – Gabriel Soares de Souza)

Os nós e amarras políticas da corte espanhola prenderem Gabriel Soares de Souza na cidade de Madrid por quase sete anos. Entediado com a longa espera pelas cartas de autorização real - em 1580 Portugal foi anexado à Espanha e por isso o rei Felipe II tinha literalmente na ponta da pena o destino da expedição do senhor de engenho -, decidiu escrever Notícias do Brasil. As crônicas mostrariam ao soberano o risco de deixar as riquezas da colônia a mercê de piratas e corsários.

“Vivem os moradores tão atemorizados, que estão sempre com o fato entrouxado para se recolherem para o mato, como fazem com a vista de qualquer nau grande, temendo serem corsários, a cuja afronta S.M. deve mandar acudir com muita brevidade (...) porque, se os estrangeiros se apoderarem desta terra custará muito lança-los fora...”

Depois de 17 anos morando na Bahia, Gabriel Soares de Souza tinha lembranças, impressões e curiosidades para deleitar Felipe II e todos os europeus que ainda imaginavam um covil de criaturas marinhas monstruosas desse lado do Atlântico. O problema era fazer seus escritos chegaram às mãos do monarca.

Se conseguisse deixá-lo empolgado com as possibilidades do Brasil, além de melhorar a administração da colônia, garantiria todas as cartas seladas com o brasão real, valioso passaporte para as minas do São Francisco.

Andreia Santana, trecho da reportagem Cronista da Colônia, publicada em 27 de junho de 2004, no jornal Correio da Bahia

Um comentário:

Unknown disse...

eu leio e é como se eu estivesse ouvindo tua voz me contando a história.... revivo minha infância, eu ali sentada, não passada dos dez anos, tão envolvida e curiosa: "e aí, tia??? conta mais, conta"...