Menos de dois meses no mar, próximo à foz do rio Vaza-barris, o Grifo Dourado naufragou e Gabriel Soares de Souza, com título, carta régia e alvarás, foi dar com os costados numa deserta praia sergipana. A maioria da tripulação se salvou, graças ao resgate organizado pelo capitão-geral de Sergipe, Tomé da Rocha.
Refeito do susto, o destemido Gabriel volta à Bahia com os homens divididos em cinco companhias, leva a carta régia ao governador e recebe dele 200 índios flecheiros, retirados dos aldeamentos jesuítas.
Esse primeiro golpe de sorte não mudou o destino de uma expedição que desandou antes mesmo de começar.
Mordidas de cobra, provisões de carne de lagarto (a charque terminara em menos da metade do caminho) e o contato “com águas infestadas de mosquitos peçonhentos” garantiram que o destino, impiedoso como sempre, atrapalhasse os planos de Gabriel.
Para acompanhar a expedição, na vã esperança de acabar com os infortúnios, ele pediu religiosos de diversas ordens, mas a governador só liberou quatro frades carmelitas, porque temia que ao invés de buscar ouro, a bandeira organizada por Gabriel quisesse escravizar índios no sertão.
A rota escolhida pretendia subir o rio Paraguaçu. Felipe II ordenara que Gabriel fundasse povoamentos de 50 em 50 léguas. Antes de morrer, conseguiu fundar dois e construir fortalezas para guarnecer o caminho do rio. Uma delas lhe serviu de sepultura quando morreu de febre amarela.
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