quarta-feira, 5 de março de 2008

Exercício de jornalismo literário em capítulos

XI - Quase um solitário

Casado com uma mulher chamada Anna de Argolo, não se sabe se casou no Brasil ou se já veio amarrado de Portugal, Gabriel Soares de Souza não deixou descendentes. “Nosso Senhor não foi servido que eu tivesse filhos de minha mulher, nem outros alguns...”

No célebre testamento, copiado no livro de tombo do Mosteiro de São Bento, ele cita duas irmãs, Margarida e Maria, que viviam em Portugal. Frei Vicente do Salvador diz que foi o sobrinho do cronista, Bernardo Rodrigues, quem mandou buscar seu corpo na fortaleza às margens do Paraguaçu, depositando-o no mosteiro, como era de sua vontade, e onde já estava o túmulo de Anna de Argolo.

O mesmo autor é quem diz que quatro cunhados e dois primos de Gabriel receberam títulos de fidalguia no tempo em que o senhor de engenho organizava sua expedição. Não fica claro se esses títulos foram conferidos na Espanha, no Brasil ou se os parentes vieram com ele para a Bahia. Além de João Coelho de Souza - o sertanista que morreu enquanto procurava as minas de pedras preciosas, da mulher e do sobrinho que lhe resgatou os ossos, não existe referência de nenhum outro parente.

Ainda assim, o nome de Gabriel batiza a ladeira que desce do largo dos Aflitos para a Avenida Contorno. O cronista sem face nunca deixa de ser citado como o de alguém que deu grandes contribuições à história da sua época.

Andreia Santana, trecho da reportagem Cronista da Colônia, publicada em junho de 2004, no jornal Correio da Bahia.

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