sábado, 3 de maio de 2008

VI – O plano de Islamal

O problema dos pensamentos, principalmente dos pensamentos que não são muito bons, é que quando eles são pensados perto de um mago malvado, podem se tornar realidade. Islamal era muito malvado e o pensamento de Rajá sobre hipnotizar o rei Paxá e a rainha Isdora não era o que se pode chamar de bom pensamento.

Foi só uma tentação pequenininha, um fiapo de idéia que passou pela cabeça do menino, quando seus pais negaram a ele permissão para sair da Cidade de Ouro e Prata. Rajá não queria fazer mal aos seus pais. Ele gostava muito dos dois. Hipnotizá-los era uma medida desesperada e que ele não se atrevia a tentar. Mas para seu tio Islamal, aquele pensamento era tudo do que ele precisava para colocar seu maléfico plano em ação.

Islamal arquitetou um plano perfeito e até desistiu de transformar o príncipe Rajá em mosca de jardim. Se tudo saísse como ele imaginava, ele nem precisaria fazer nada contra o sobrinho. Era só abrir a porta da gaiola dourada e deixar o passarinho escapulir. “Os perigos do mundo lá fora vão se encarregar de me livrar de Rajá. Ele não passará das Florestas do Sem Fim”.

Um sorriso de triunfo deixou os amarelados dentes de Islamal à mostra. Tudo o que ele precisava fazer, pensou, era encorajar Rajá no seu sonho de conhecer outras terras e convencer o menino a usar as mágicas artes do hipnotismo para garantir o seu passe para a liberdade. Ao conceber suas maldades, Islamal gargalhou alto uma gargalhada muito vilanesca e saiu da ala do palácio onde ele morava e fazia suas terríveis experiências mágicas. Ele nunca teve aprendiz, para evitar concorrência. “Mas sempre há uma primeira vez”.

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